Mesmo quando não penso
é em ti que penso.
Há como que uma força
misteriosa que me chama
e me impele para ti.
Eu gosto do mistério
e creio no mistério.
Se não acreditasse assim
tão conscientemente,
que interesse teria a vida
tão cheia de coisas reais
e que sendo belas, são duras
e que sendo duras e belas
destroem quase sempre
o encanto de viver.
Se sofro sem razão
sei que sofro por ti,
se me amarguro sei
que a amargura está em ti,
como em ti estão sol, as
flores, as planícies e as montanhas,
o começo e o fim do universo.
Se não és tudo, tudo está em ti,.
Até a ilusão do que és,
o sonho do que serias,
o amor que me terias.
Hoje não vou, assim o quero,
pensar em coisa alguma...
Tu és, porém, ausência
e vazio do pensamento.
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João Mattos e Silva (1972).
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