sábado, 8 de março de 2008

Sol-Posto


Luz suave! Sol-posto!

Tardes quentes de Agosto,
cantam grilos no relvado.
Pelas ruelas da aldeia
tilintam até dá gosto
as campainhas do gado!

Na linha do horizonte,
na penumbra, esmaecida,
há nuvens ensanguentadas.
E lá longe, entre pinhais,
alveja, por sobre um monte,
o tom claro de uma ermida.

Hora do entardecer, hora querida,
em que soam, espaçadas,
as dolentes badaladas
d'Avé Marias!
Hora a que sinto saudades
dessas mentiras tão doces
que junto de mim dizias!


Fernanda Mattos e Silva, Pedrogão Pequeno, 1926
Aguarela de Ema Mattos e Silva, largo de Pedrogão Pequeno

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